Conferência de Bonn de 2024 (SB60): saiba mais sobre o evento pré-COP 29

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O mundo está cada vez mais atento a temas relacionados ao meio ambiente. Eventos como a Conferência de Bonn, ocorrida em 2024, demonstram um esforço de governos, empresas e sociedade em conter os efeitos negativos das mudanças climáticas.

Infelizmente, as decisões não estão sendo tomadas com a agilidade necessária e, nesse sentido, é fundamental que gestores e profissionais estejam cada vez mais alinhados às práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG), acompanhando, apoiando e cobrando a evolução de medidas mais assertivas e eficazes.

Veja, a seguir, detalhes sobre a pré-Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29)!

O que foi a Conferência de Bonn?

A Conferência de Bonn 2024 aconteceu entre os dias 3 e 13 de junho, na Alemanha. O evento foi o 60º encontro dos órgãos subsidiários (SB60) da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).

A SB60 abordou tanto temas tratados na COP28, nos Emirados Árabes Unidos, quanto assuntos a serem discutidos na COP29 — que será realizada em Baku, no Azerbaijão, em novembro deste ano.

É preciso adiantar que o encontro não conseguiu avançar nos assuntos primordiais que ficarão para a COP29. Apresentado esse ponto, vamos ao resumo dos principais temas abordados em Bonn.

Quais foram os principais pontos abordados na SB60?

O evento reuniu líderes globais para discutir ações climáticas e revisar metas do Acordo de Paris, que tem 194 países signatários. Entre os destaques, estão:

  • Financiamento climático

  • Mercado de carbono

  • Metas de redução de emissões

Financiamento climático

Quem pagará a conta das mudanças climáticas ao redor do mundo? Esse foi um dos temas centrais da Conferência de Bonn, debatido principalmente nos Diálogos Técnicos de Especialistas (TED10) e no Programa de Trabalho Ad Hoc da Nova Meta Coletiva Quantificada (NCQG). Infelizmente, apesar de sua importância, o único avanço no tema foi um esboço para ser apresentado aos países em Baku.

A nova meta financeira a ser definida substituirá os US$ 100 bilhões anuais compactuados pelos países desenvolvidos durante a COP15 de Copenhague, em 2009, para apoiar as nações mais pobres. No entanto, entre os motivos que levam ao impasse está o fato de que, de um lado, os países em desenvolvimento esperam uma meta financeira mais adequada, enquanto, de outro, os países mais ricos querem ampliar o grupo de financiadores, incluindo grandes emissores, como Brasil e China.

Simon Stiell, secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, reforçou a necessidade de encontrar novas fontes de recursos, com foco no G7: “as economias avançadas têm várias alavancas para puxar, inclusive como acionistas de bancos de desenvolvimento”.

Mercado de carbono

As negociações sobre o mercado de carbono focaram nos Artigos 6.2, 6.4 e 6.8 do Acordo de Paris. Esse era um tema bastante esperado após impasses na COP28. Na SB60, houve discussão sobre autorização de crédito de carbono, escopo de atividade, registro internacional do mercado e outras decisões relacionadas ao assunto.

Entre os progressos, é possível citar a definição de nomenclaturas comuns a serem usadas no registro de Internationally Transferred Mitigation Outcomes (ITMOs, na sigla em inglês) e o lançamento de uma plataforma online para registro e compartilhamento de informações sobre abordagens não mercadológicas (NMAs, na sigla em inglês), juntamente com um manual de utilização do portal. Ainda sobre os ITMOs, ficou acordado que apenas a partir de 2028 as partes discutirão a possibilidade de que ITMOs sejam emitidos a partir de atividades de “emissões evitadas”.

Metas de redução de emissões

Os participantes revisaram e atualizaram as metas de diminuição de emissões dos países signatários do Acordo de Paris. A discussão focou em estratégias para acelerar a descarbonização das economias globais, com ênfase em setores-chave, como energia, transporte e agricultura.

Os países se comprometeram a implementar políticas mais rigorosas para limitar o aquecimento global a 1,5°C, a partir da preparação das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), em 2025.

Outros pontos abordados durante a Conferência de Bonn foram:

  • Progresso na construção de resiliência e adaptação;

  • Necessidade do aumento da transparência sobre o tema;

  • Incentivo à participação dos jovens, com o Hub de Ação para o Empoderamento Climático (ACE).

Simon Stiell afirmou em seu discurso de encerramento que “demos passos modestos aqui em Bonn”. O secretário-executivo acredita que “muitos itens ainda estão na mesa... Nos deparamos com uma montanha muito íngreme para escalar visando alcançar resultados ambiciosos em Baku”.

Ainda existe um longo percurso até que as mudanças climáticas sejam efetivamente controladas. Contudo, mesmo que de modo tímido, a Conferência de Bonn contribuiu para o avanço desse trabalho.

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